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Indígenas voltam a ocupar terreno próximo da rodoviária de Santa Maria

Eduardo Tesch

Foto: Pedro Piegas (Diário)

Cerca de 16 índios caingangues voltaram a morar no terreno na Rua João Batista da Cruz Jobim, que fica próxima à Estação Rodoviária de Santa Maria. Eles devem ficar no local até a Páscoa, no dia 21 deste mês. Nos últimos seis anos, cerca de 19 famílias moraram no local, que é particular. Em fevereiro deste ano, elas foram realocadas para a Estrada dos Canudos, no distrito de Arroio Grande, distante cerca de 10 quilômetros do Centro.

Na época, houve um acordo entre o Executivo e os donos do terreno: os proprietários compraram a área em Arroio Grande e cederam para a prefeitura que, em contrapartida, anulou as dívidas referentes ao IPTU da área perto da Rodoviária.

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Ontem à tarde, o que se via no local eram tendas armadas com lonas plásticas pretas no lugar das antigas casas de madeira, que foram desmontadas quando as famílias saíram do terreno, em fevereiro. Dentro delas, o trabalho de artesanato pelos indígenas era intenso.

- Não pretendemos ficar aqui por muito tempo, só até a Páscoa, mesmo. Fica mais fácil para a gente conseguir vender - informou o caingangue Gelson Pedro Rosa, 27 anos.

Os índios voltaram a ocupar o local graças a um acordo com os proprietários do terreno, como explica o advogado Alexandre Carter Manica, que representa parte deles.

- Eles (indígenas) estão no processo de mudança definitiva para o novo terreno (em Arroio Grande) e pediram para ficar (perto da Rodoviária) até a Páscoa. Os proprietários concordaram sem problemas. Toda a negociação foi feita de forma consensual - assegura Manica.

PROBLEMAS
Desde que se mudaram para o terreno de Arroio Grande, os índios reclamam da situação do local. Apesar de haver espaço para plantar e cuidar de animais, a nova área não ofereceria condições para a moradia.

- Não tem nada lá, simplesmente nos botaram e deixaram. Nem água tem, a estrada está ruim. Está difícil - relata Elias Joaquim, 21 anos, que voltou para o terreno antigo.

A procuradora-geral do município, Rossana Schuch Boeira, ressalta que o terreno cedido em Arroio Grande se trata de uma área rural e que a prefeitura não tem obrigação de se envolver em todos os aspectos. A principal responsabilidade seria da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Ministério Público Federal.

- Ali (Arroio Grande) é área rural, então o saneamento é como qualquer área rural do município, com poço artesiano e fossa - explica a procuradora.

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